Precariedade e desemprego são bandeiras do protesto, com a CGTP a avisar que combate vai para além do Dia do Trabalhador
Há precisamente 120 anos, os trabalhadores de Chicago conseguiram vencer a luta pela jornada das oito horas de trabalho. Hoje, um século e muitas revoluções tecnológicas e sociais depois, os milhares que aderem às manifestações para assinalar o Dia do Trabalhador vão protestar, no auge da maior crise dos últimos 30 anos, contra o desemprego - que atinge mais de 580 mil portugueses - , a precariedade, os baixos salários, a desigualdade e a desregulamentação, que obriga muitos a trabalhar mais de... oito horas por dia.
"Há alguma coisa de profundamente errado quando, ao fim de todo o progresso, a relação com o trabalho se torna cada vez mais penosa e os patrões usam a coacção sobre os trabalhadores para lhes dizer que têm sorte em ter emprego", disse ao DN o especialista em direito do trabalho Garcia Pereira. A globalização económica leva a maior parte das culpas, num mundo entalado entre dois pólos: o modelo social europeu e o modelo chinês.
Mas a CGTP - que celebra 40 anos - vai fazer passar a mensagem de que "é preciso lutar para mudar", porque "há alternativas".
Através de uma ferramenta global (o YouTube), Carvalho da Silva antecipa o discurso do 1.º de Maio, afirmando que "o velho argumento de que são os baixos salários, a flexibilidade e a desregulação que aumentam a competividade não pega, pois temos dos mais baixos salários, maior carga horária, o trabalho está desregulamentado e estamos a perder competitividade". O líder da Intersindical - que hoje discursa na Alameda Afonso Henriques, em Lisboa - diz ainda que "nenhum instrumento jurídico fez tanto pela redistribuição da riqueza na segunda metade do séc. XX como a contratação colectiva, que está sob ataque". Avisa ainda que "a luta vai intensificar-se para além do 1.º de Maio".