Cerca de milhar e meio de utentes dos Centros de Saúde de Odeleite e Azinhal, no concelho de Castro Marim, estão sem assistência médica desde a passada segunda-feira. A passagem à reforma da única médica em serviço no local obrigou ao fecho, sem aviso, daquelas duas unidades de saúde.
"Uma enorme falta de respeito para com as pessoas, na sua maioria idosos, que, de um momento para outro, ficaram sem médico", acusa António Baltazar, presidente da Junta de Freguesia do Azinhal, revoltado com a falta de informação. "Nem se dignaram a informar a Junta ou a colocar um aviso na unidade. As pessoas ficaram sem saber o que fazer e nós sem explicações para lhes dar", reclama o autarca.
Habituado a deslocar um funcionário numa carrinha para levar ao médico munícipes residentes longe da sede da freguesia, António Baltazar não sabe o que fazer: "Não sei se o Centro de Saúde, inaugurado há meia dúzia de anos, vai fechar ou não. Também não me dizem se os nossos doentes devem ir aos Centros de Saúde de Vila Real de Santo António ou de Castro Marim. É uma situação lamentável".
Confusos e descontentes estão, igualmente, os utentes. Isabel Palma, cuja mãe sofreu um AVC e precisa de fazer exames semanais ao sangue, foi surpreendida com o fecho dos Centros de Saúde.
"Bati com o nariz na porta e fiquei sem saber o que fazer. Fui a Castro Marim e disseram-me que já estavam superlotados e em Vila Real também não a aceitaram. Recorri a uma clínica e paguei 75 euros", referiu ao CM.
Lurdes Guerreiro, directora executiva da ARS-Algarve, considera a situação "de difícil resolução", mas promete que "durante este mês, o problema será resolvido, com a ida de um médico, algumas horas diárias, àqueles dois Centros de Saúde".
"A reforma da médica, de um dia para o outro, apanhou-nos de surpresa. Para agravar, um médico de Castro Marim adoeceu e outro reformou-se", justificou.