quarta-feira, 21 de julho de 2010

“Passos Coelho não compreende que o subsídio de desemprego nunca foi uma esmola”


“Passos Coelho não compreende que o subsídio de desemprego nunca foi uma esmola"

O líder do PSD quer tornar ainda mais grave a perseguição ao desempregado, ao propor eliminar da Constituição a proibição do despedimento sem justa causa, criticou Francisco Louçã, durante o comício que decorreu na localidade de Manta Rota, Algarve, perante uma centena de pessoas.
Durante o comício, que também contou com a presença da deputada do Bloco Cecília Honório, Francisco Louçã criticou o social-democrata Pedro Passos Coelho por simplesmente querer dar agora mais poderes ao Presidente da República porque é da sua cor política (PSD), referindo-se à proposta de revisão constitucional apresentada pelo PSD.

“Ele [Pedro Passos Coelho] propõe dar mais poder ao Presidente da República [Cavaco Silva], porque agora tem um presidente da sua cor e quer jogar em casa e dar-lhe mais poderes”, declarou.

Num discurso de cerca de meia hora, Francisco Louçã não poupou críticas a Passos Coelho por este querer alterar as regras do despedimento inscritas na Constituição da República.

“Para Passos Coelho, os desempregados recebem o subsídio, mas têm que limpar aí uns jardins”, ironizou o coordenador da Comissão Política do Bloco, argumentando que os desempregados “não são preguiçosos nem são subsídio-dependentes”.

“Passos Coelho não compreende que o subsídio de desemprego, que dura pouco tempo (…), nunca foi uma esmola, porque nós descontamos do nosso salário, é um seguro para um problema que surja”, alegou.

Segundo Francisco Louçã, o líder do PSD quer tornar ainda mais grave a perseguição ao desempregado, ao propor eliminar da Constituição a proibição do despedimento sem justa causa. “Ele quer retirar esta norma da Constituição, mas será que despedir trabalhadores ajuda a combater o desemprego?”, questionou Louçã, acusando Passos Coelho de querer mudar a Constituição para ir fazendo “vingança aos trabalhadores”.

Louçã recordou ainda que o termo “despedimento sem motivo atendível” já havia sido introduzido no Código do Trabalho por José Sócrates (PS) e que daqui a poucos dias todos os trabalhadores vão receber os seus salários, mas “mais pequenos” do que no meses de Junho ou Maio, “porque este mês aumentou a retenção no IRS”.

Durante o seu discurso, Francisco Louçã abordou também a questão de a União Europeia (UE) ter considerado “ilegal” a intervenção do Estado na falência de bancos. “A UE já veio dizer que era ilegal, mas nós [Estado] já pagámos 450 milhões de euros, ou seja, são 200 euros dos impostos de cada um de nós para pôr num buraco de um banco que está falido. A promessa de recuperar esse dinheiro desvaneceu-se e a única maneira é aumentar os impostos”, lamentou.